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[Resenha] Zumbeatles — Alan Goldsher

Alan Goldsher é britânico, jornalista por formação e autor de mais de dez livros. “Zumbeatles”, originalmente Zumbeatlespublicado em 2010, é o quinto deles. Goldsher também já atuou como crítico especializado em música e esportes.
Temos aqui uma releitura da trajetória da mais famosa banda inglesa, acompanhamos os principais acontecimentos na vida desses mitos do século XX… porém com um pequeno detalhe: os músicos são zumbis. Não os lentos e imbecilizados zumbis aos quais estamos acostumados. Mas zumbis espertos, rápidos e cheios de sex appeal. Além de alguns truques de controle mental. Entre sangue, suor, guitarras e iê-iê-iê — e a perseguição do implacável caçador de zumbis Mick Jagger —, eles são atacados por uma ninja do oitavo nível, Yoko Ono, condecorados pela rainha e consolidam uma invasão mundial.

A essa altura ninguém quer ouvir falar da minha infância. Nem eu mesmo quero ouvir falar dela. Minha mãe morreu, eu a trouxe de volta à vida, fui estudar na Quarry Bank High, desenhei quadrinhos, me diverti com o rock’n’roll, matei um monte de pessoas e zumbifiquei oito delas. Grande merda.

“Zumbeatles” foi claramente feito para ser divertido. E o que eu posso dizer? Já estava me divertido com a ironia do boato às avessas do “Paul está vivo” na capa, que dirá com o conteúdo em si. Essa missão, meus amigos, foi uma missão cumprida.
O livro todo é uma bagunça de dominação zumbi, biografia não autorizada, e interações com membros mortos-vivos (e ninja!) de uma das bandas de maior sucesso da história. Todos os boatos, as fofocas e as intrigas envolvendo os Beatles aparecem para acenar do outro lado da vida. O autor parte da transformação do primeiro zumbeatle, John Lennon, navegando por muitos mares tortuosos da trajetória real do quarteto.
Acredito que uma das coisas que mais deu certo foi o autor ter escrito um livro basicamente hilário, mas que se leva a sério. O protagonista é um homem numa missão de apuração de fatos, e, assim, o livro ganha um ar de documentário. Às vezes é surreal. Na maior parte do tempo foi preciso escolher entre rir sozinha ou tentar bancar um ser humano equilibrado.
Existem furos na história, ainda que não tão óbvios. Os problemas estão em coisas pequenas na conexão dos fatos e na relação com a realidade aqui e ali. Nada disso, porém, me faria deixar de recomendar “Zumbeatles”. Está aí um livro no qual 2 + 2 pode ser diferente de 4 sem estranhamento. A coisa toda é surreal. Tão surreal quanto a dor que surgiu nas minhas bochechas quando de tanto rir.
Título original: Paul Is Undead: The British Zombie Invasion
Editora: Galera Record
Número de páginas: 352

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