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[Resenha] Serena — Ian McEwan

Chegado ao Brasil com direito a publicação simultânea à feita no exterior, Serena é a mais recente obra de Ian McEwan. O inglês, que já venceu importantes prêmios como o prestigiado Booker Prize e o Whitbread Award, é autor de mais 20 livros. Um deles, o romance Reparação, foi foi adaptado para aos cinemas sob o título nacional Desejo e Reparação, com direção de Joe Wright e os atores Keira Knightley e James McAvoy nos papéis principais.
Serena Frome é uma jovem mulher apaixonada por leitura, mas boa o suficiente com números para se ver pressionada a fazer algo a respeito. Formada em Matemática pela Universidade de Cambrige sem destaque algum, no entanto, ela sabe nunca foi nenhum gênio. É após escrever um artigo literário que sua vida muda.
O que o destino reservava para Serena não era um caminho no mundo das palavras. Bem, talvez até seja, mas depende do ponto de vista. Uma série de encontros e desencontros envolvendo o professor Tony Canning acabam levando-a até a MI5, o Serviço Secreto Britânico, que por sua vez leva até a missão que consiste em manter contato com Tom Haley, um escritor a quem não pode contar que é uma espiã, nem que o dinheiro que ele passará a receber virá do Estado, nem muito menos que o grande objetivo por trás de sua chegada é influenciar a obra. Serena acaba apaixonada por Tom, mas mal sabe ela que ainda há muito mais água a rolar do que poderia imaginar.

Eu era a mais simples das leitoras. Só queria o meu mundo, comigo dentro, devolvido para mim de maneiras artísticas e de uma forma acessível.

Serena é um livro para ser digerido, e não engolido. Ele deve ser pensado, apreciado com calma. Abordando temas como a crise econômica e política da Inglaterra dos anos 70, a Guerra Fria e o serviço secreto, nem por isso ele é sobre ação, espionagem ou, apesar dos casos amorosos, romance. Esse é um livro sobre conexões, significados, referências.
Foram várias as vezes em que me peguei pensando que a protagonista-narradora poderia muito bem estar expondo uma espécie de diário. A narrativa em primeira pessoa passa uma sensação de intimidade e por vezes também a de exagero de detalhes. Nada imperdoável ou massante, mas presente. Pode parecer estranho ter estado em espera por tanto tempo e ao mesmo tempo sedenta por mais desse estado de suspensão agora, porém fui privada de pensamentos do gênero até muito depois de terminar a leitura.

Na minha opinião havia um contrato tácito com o leitor, que o escritor devia honrar. Nenhum elemento de um mundo imaginário e nenhum dos seus personagens deveria poder se dissolver por causa de um capricho do autor. O inventado tinha de ser tão sólido e consistente quanto o real. Era um contrato que se baseava numa confiança mútua.

Acredito que quem tem maior conhecimento histórico poderá desfrutar muito mais o que vai encontrar. Só para citar um exemplo: Serena é filha de um bispo anglicano e tem uma irmã hippie e envolvida com drogas. Pode não parecer grande coisa, mas isso faz diferença se formos levar em consideração o cenário do país na época, os próprios personagens etc. Sãos muitos os pequenos detalhes que podem fazer toda a diferença.
Com regras, sedução e um final surpreendente, Serena é um prato cheio para aqueles que se propõem a buscar leituras inteligentes. E que fique aqui um destaque para a questão da inteligência absurda. Sim, é ele que vai ditar o ritmo. Sim, é ele que vai ditar até as emoções que vão te atingir. A pergunta é: você está pronto para ser tomado de assalto?
Título original: Sweet Tooth 
Editora: Companhia das Letras
Número de páginas: 384
ISBN: 9788535921212

9 Comments

  • Anônimo
    10 de julho de 2013 at 01:29

    livro maravilhoso *—————————-* Ian né!!!

    Reply
  • Silvia Pereira
    10 de julho de 2013 at 04:03

    Olá,tudo bom?
    Eu não conhecia o livro,mas parece ser bem interessante e envolvente.
    Bjs!
    http://pocketlibro.blogspot.com.br/

    Reply
  • Luiza
    10 de julho de 2013 at 05:15

    Também não conhecia o livro ainda, boa a dica 😉
    Bjs
    eternamente-princesa.blogspot.com.br

    Reply
  • D e s s a
    10 de julho de 2013 at 13:07

    Adorei a resenha, mas confesso que a história não me chamou tanto atenção, não faz meu tipo de leitura. :/
    beijos
    apenas-um-vicio.blogspot.com.br

    Reply
  • Ray Pereira
    10 de julho de 2013 at 14:02

    Louca por livros? Já quero ler. Amo a descrição dos personagens sobre seu amor por livros. Parece que me dá outro ponto de vista do que é ler.

    Beijos
    @_RayPereira
    http://porredelivros.blogspot.com.br/

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  • Carolina
    10 de julho de 2013 at 21:47

    Excelente resenha. Não é o meu tipo de livro, mas por causa do que li nesse post, fiquei com vontade de ler o livro.

    Beijão
    Sun Rises Here

    Reply
  • Jacqueline Braga
    10 de julho de 2013 at 22:50

    Ian é o cara né.
    O final é surpreendente, e embora o livro tenha tanta bagagem politica, a narrativa é deliciosa.
    bjos

    Reply
  • Insane max
    12 de julho de 2013 at 03:40

    Adorei a resenha!!! O livro parece ser bem delicioso ♥
    E eu amo esse nome, Serena. É tão fofo e radiante *-*

    Reply
  • Rafaela.
    14 de julho de 2013 at 16:03

    Ai, gente! Ian McEwan é muito amor! <3 Ele me encanta, acaba com as minhas lágrimas e sempre me surpreende.
    Ainda não li Serena (shame on me), mas concordo plenamente contigo, Kim. As obras dele precisam ser pensadas, é muita informação e sentimentos envolvidos, mas ele consegue nos envolver inteiramente, não deixando a narrativa se tornar cansativa.
    Amei sua resenha!

    Beijocas.
    http://artesaliteraria.blogspot.com.br

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