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[Resenha] As Garras do Desejo, de Elizabeth Hoyt

Poucas coisas impactam tanto uma leitora quanto o livro certo escolhido na hora certa. Às vezes, tudo o que você precisa é de bons romances de época para viajar no tempo e, com alguma sorte, ser transportada para o tipo de amor que arranca suspiros. Mas que fique o aviso: se é isso que você procura, não encontrará em “As garras do desejo”.

Terceiro volume da série “A lenda dos quatro soldados”, da norte-americana Elizabeth Hoyt, a história é uma releitura adulta do clássico “A bela e a fera”, girando em torno de uma pergunta principal: será que um soldado machucado pode confiar seus desejos mais secretos a uma linda mulher de passado turbulento?

Sir Alistair Munroe costumava viver entre viagens. Depois de tanto se dedicar a estudar, catalogar e publicar livros sobre a fauna e a flora, no entanto, ele precisou lutar pela própria sobrevivência como combatente na guerra contra os franceses. Assim, apesar de voltar vivo para casa, as cicatrizes físicas e emocionais o transformam na sombra de quem costumava ser, que agora se resume em um homem escondido em seu castelo na Escócia.

Quando a linda e misteriosa Helen Fitzwilliam bate à sua porta, sentimentos que Alistair tanto reprimia voltam à tona. Helen está disposta a fugir dos erros do passado, por isso aceita trabalhar como governanta em troca de abrigo. Determinada a recomeçar, ela não vai deixar que nada a intimide ou afaste de seu propósito – nem mesmo a hostilidade do soldado disfigurado que a recebe ao chegar no novo trabalho.

Alistair logo descobre que Helen é corajosa, sensual e muito mais que uma mulher bonita. Porém, basta ele começar a acreditar no amor verdadeiro para o passado secreto de Helen ameaçar separá-los. Agora os dois precisam lutar pela única coisa que nunca acreditaram que encontrariam: um final feliz.

— Eu disse que, se a cortejasse, lhe daria flores silvestres. Bem, estou cortejando você, Helen Carter. Sou um homem mutilado e solitário, e meu castelo é uma bagunça, mas espero que, um dia, você me conceda a honra de se tornar minha esposa apesar disso tudo, porque eu a amo do fundo do meu triste e sofrido coração.

Quanto mais você lê, mais entende os livros que são ou não para você. “As garras do desejo” definitivamente não é para mim, e fico feliz em ter experiências melhores com romances de época para lembrar que a construção do gênero não precisa ser assim.

A base da história é promissora, cheia de referências clássico que a inspirou, mas desanda na execução. Entre personagens incoerentes e escolhas que se revezam como puramente erradas ou pouco convincentes, a ambientação também falha em ir além do superficial ao retratar a época.

Alguns dos elementos que chamam a atenção são os insultos, os comentários depreciativos e as declarações sinceramente preocupantes no que diz respeito a relações consensuais. Quando uma situação não parece surreal, provavelmente é porque será desconfortável. Sobram detalhes difíceis de digerir, mas lidar com eles em meio a personagens pouco desenvolvidos deixa a questão ainda mais delicada. Para aliviar, o ponto de equilíbrio de fica com as crianças e os toques de mistério.

“As garras do desejo” é a sequência de “O gosto da tentação” e “O sabor do pecado”, com cada volume dedicado a um casal de protagonistas diferente. Além da série “A lenda dos quatro soldados”, Elizabeth Hoyt também escreveu a “Trilogia dos príncipes”, igualmente pela Editora Record.

Título original: “To beguile a beast”
Autora: Elizabeth Hoyt
Editora: Record
Número de páginas: 358
ASIN: B08GJW1YS6

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